Privatização Afeta Candeias e Municípios Vizinhos

De Petrobrás a Acelen: Redução Drástica de Vagas

Privatização Afeta Candeias e Municípios Vizinhos
Acelen: Gás de Cozinha e Gasolina mas cara do Brasil

A privatização da Refinaria de Mataripe, em São Francisco do Conde, Bahia, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, trouxe consequências severas para a região e sua população. Antes referência nacional em produção de combustíveis e geração de empregos, a refinaria agora se destaca negativamente pelos altos preços da gasolina e do gás de cozinha, considerados os mais caros do Brasil. Além disso, a redução drástica na contratação de terceirizadas resultou em mais de 29 mil empregos indiretos perdidos, agravando a crise econômica nos municípios de Candeias, Madre de Deus, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé e Simões Filho.  

Com a chegada da Acelen, substituta da Petrobrás na gestão da refinaria, a realidade local mudou dramaticamente. A antiga capacidade de geração de empregos e fortalecimento da economia regional foi substituída por uma lógica empresarial focada no mercado acionista, com menos de 500 vagas diretas mantidas. Esse cenário representa um duro golpe para a população local, que historicamente dependia da refinaria como uma das principais fontes de sustento.  

O impacto no desemprego é alarmante. A região metropolitana de Salvador, que já enfrentava desafios econômicos, agora sofre com a ausência de oportunidades para trabalhadores qualificados e de baixa escolaridade, que antes encontravam na refinaria uma alternativa para sustentar suas famílias. Muitos moradores têm optado por migrar para outros estados, em busca de melhores condições de trabalho, intensificando o êxodo populacional.  

Historicamente, a refinaria, sob a gestão da Petrobrás, era símbolo de progresso e desenvolvimento para o Recôncavo Baiano. Sua contribuição não se limitava à geração de empregos, mas também à circulação de renda e ao fortalecimento de pequenas e médias empresas que prestavam serviços indiretos. Hoje, com apenas três unidades em operação das 42 originais, a refinaria é um reflexo da falta de compromisso com o desenvolvimento regional.  

A questão também expõe a omissão de representantes políticos. Deputados federais, senadores, prefeitos e vereadores da região têm mostrado pouca mobilização para reverter o cenário ou buscar alternativas para a recuperação econômica local. Essa ausência de liderança deixa os moradores desamparados, sem perspectivas claras para enfrentar a crise instalada.  

É necessário que a Petrobrás, enquanto empresa estratégica para o Brasil, assuma sua responsabilidade e busque soluções para minimizar os impactos negativos da privatização. A reavaliação da política de preços, o retorno de investimentos na refinaria e a reativação de unidades desativadas podem ser alternativas para reaquecer a economia local e reduzir os altos custos dos combustíveis.  

A situação exige união entre sociedade civil, trabalhadores, lideranças comunitárias e políticas para cobrar soluções efetivas. Sem um esforço coletivo e medidas concretas, a região de Candeias e municípios vizinhos continuará enfrentando uma grave crise econômica e social, perpetuando a perda de sua relevância histórica como polo de desenvolvimento.